sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Primaveras no portão


As ruas empoeiradas e esburacadas do bairro pobre tinham até uma certa poesia.
Eram íngremes, com muitos terrenos baldios e mato alto.
O bairro era novo, muitas árvores e poucas casas.
Gente simples - demais - mas também digna - demais!
Crianças brincavam livremente entre a poeira, nunca importunadas pelo medo, ou pelo carro inesperado numa curva.
Eram tempos de paz, de ir à missa aos domingos, ao parque de diversões no sábado, ao circo quando chegava anualmente.
Tempos de sentar ao portão para conversar, grandes rodas de amigos, à noite, rindo e falando alto. Nem sequer um vizinho irritado exigindo silencio.
Tempos de cercas de madeira, bem baixas, fingindo proteger casas humildes e seus jardins de roseiras, dálias e cravos.
Como esquecer das margaridas e girassóis.? E também as primaveras que subiam pelo arco de bambú colocado sobre os portões.
Era tão lindo quando florescia!
No sábado à tarde a rua cheirava a bolo, pão caseiro ou acúcar derretendo para a calda do pudim.
Tempo de inocência e de grandes sonhos. Da primeira paquera e da primeira desilusão. Dos grandes e inesquecíveis amigos:
A Vera da casa de frente, a Halina logo acima, a Nena vizinha, a Celina irmã do Quinca e como chamava-se mesmo a neta da dona Ana, logo abaixo?
E a sobrinha da professora Alice, da esquina, que visitava a tia nas férias? Regina!
O Edison morria de paixão nas férias e depois morria de saudades no resto do ano.
Um bairro. . . apenas ruas poeirentas quando não chovia, e barrentas depois das águas. Um armazém...uma farmácia.
Uma igreja que tocava Ave-Maria às seis da tarde e enchia as casas de paz e nossos corações de fé.
Quanta saudade!

22 comentários:

  1. Nooooooooooooooooooossa! Que linda viagem aqui... Quantas lembranças resgatadas...Todos amigos, vizinhos que eram bons e participavam e nada reclamavam esses aí das tuas lembranças..
    Lindo demais e pude sentir o cheirinho da calda para o pudim que seria servido na sobremesa de domingo...Tudo lindo e claro,. as flores que enfeitavam e serviam para os ramalhetes nas festinhas de amigos.

    Muito lindo! Adorei LER! Coisa leve, boa! beijos,tudo de bom,chica

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  2. Ai Ivani, que delícia, lembrei da minha infância com você, porque também tive minha metade de ruas de poeira e tardes de conversa no portão, sem energia elétrica e televisão, céu apinhado de estrelas e cheirinho de pão fresco à tarde, quero tanto voltar a ter esses sentimentos de PAZ, um sentimento de que isso só basta. Era tão fácil ser feliz...ô amiga, quando é vou encontrar VOCÊS no clube pra aquela caminhada, hein? Aquele oi na festa, só despertou lombrigas, a saudade continua!! Bjim:}

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  3. Agora preciso contar!!!!!!!! Morávamos com minha avó materna na minha infância, uma delicia! Tínhamos uma vizinha que tinha váriassssss árvores frutíferas e ela tinha um ciúme VIOLENTO de suas frutas. Um belo dia uma prima e eu não resistimos e fomos apanhar algumas jaboticabas no pomar dela. Comemos um montão e qdo estávamos indo embora me abaixei para passar por uma janela baixa que dava pra sala da vizinha e minha prima se esqueceu de se abaixar...a velha, ops, a vizinha, viu a cabeça dela passando...Ivani, a velha, quer dizer, vizinha saiu em disparada atrás de nós duas com uma SUPER vassoura nas mãos e levamos vassouradas até chegar em casa...rsrsrsrs...uma loucura!!! Hj dou risada e me lembro desse dia como se fosse ontem!
    Adoro vc!
    Beijos!
    Bela

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  4. Que lindas lembranças, Ivani! Somo às minhas, férias na casa da avó materna, numa cidadezinha menor do que a minha. Quanto saudade!

    Beijos,

    Eneida

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  5. Que belas e tenras lembranças Ivani. Encheram meu coração de uma saudades de coisa que nem vivi!!
    bjão e um ótimo final de semana!!

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  6. Não tinha maça do amor não no parque de diversões?
    Lindo e doce; e poético! Beijo

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  7. Seus textos sempre tão lindos minha quelida!

    ótimo final de semana
    beijos coloridos!

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  8. Oi Ivani
    Que lindo!
    Você escreve bem e nos toca o coração!
    Amei querida
    Beijinho

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  9. Ah, que texto divino...! voce deveria escrever um livro de memórias...seus textos são tão lindos, emocionam tanto que eu desejo que muita muita muita gente possa conhecer este blog e usufruir muito dele, e de tudo o que voce tem para doar...que é muito muito muito...

    Me fez também voltar para a minha terra querida e reviver uns dias bem parecidos com os seus, só mudando os nomes...(risos nostálgicos)...

    Só voce, linda Ivani...e o seu amor que contagia...
    Um beijo com muito carinho...

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  10. Ivani, você me leva de volta a fazenda onde cresci. Lembrei-me até dos coleguinhas da escola, uns caminhavam até 7km para a aula, muitas vezes descalços, descalços de sapatos e preconceitos. Saudades da Tereza, andava tudo aquilo de havaiana, e me oferecia mandioca com açúcar no lanche da escola. E eu, fazia uma fatia de pão, caprichado, com geleia, e levava para ela. Tereza sumiu, filha de família humilde, trabalhadores das fazendas, se mudavam com o vento, sem deixar rastros.
    Beijão e fiquei faceira da vida por te ver lá no blog. Adoro teu cantinho, me emociono toda vez que te visito.

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  11. Não estás atrasada.O dia é hoje mesmo...Obrigado e beijos pras nossas TITAS também! beijos pra ti,chica

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  12. Ivani
    Quantas lembranças boas você nos fez recordar!
    Amei, era assim mesmo no interior, que saudades!
    Beijos e tenha um final de semana maravilhoso.

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  13. vim ver essa moça querida...
    e me encantar com a poesia dessa viagem pra um tempo que nem meu foi, mas que me senti tão parte dele, lendo cada pedacinho, vendo as tias e as vizinhas...

    Ivani, que lindo te ler assim, tão inspirada!

    Depois de uma semana "braba" com virose que peguei dos meus pequenos na escola, hoje voltei aos blogs...

    obrigada pelo seu carinho, fico tão feliz quando te vejo por lá... e as jabuticabas estão docinhas docinhas, algumas pequenas e as dos galhos mais altos maiores...

    beijos e um final de semana com muita paz e alegria aí!

    Su.

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  14. Ivani querida!!Como vais??Sabe,moro no mesmo bairro em que nasci e na mesma rua,só mudei de casa!Meu bairro era tudo isso que falastes,calmo,alegre,pacato,encantador...o progresso trouxe o barulho dos carros,os portões altos, os guarda-noturnos...mas ainda ouço o sino da igreja e bato papo com os vizinhos.Mas a saudade da infância...dói demais!!Bjs querida!!

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  15. Ahhhhhh! Minha doce e florida amiga!
    Me transportei para este lugar, fui a missa de domingo, senti o perfume das flores e tudo mais!!!
    Que vida simples e digna!
    Engraçado tenho saudade de um tempo que nem vivi... ou melhor, posso até ter vivido e nem sei!
    MUUUUUUUUUUUUito bom vir aqui e me deliciar com seus escritos!
    Beijinho no coração!

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  16. Muito bonito esse texto, Ivani. Vivi na mesma rua, em Lisboa, desde que nasci até aos 34 anos. Apesar de ser na capital, é um bairro pacato, onde toda a gente se conhece e onde podemos contar com a ajuda dos vizinhos. E isso já está a tornar-se muito raro, hoje em dia...
    Muito bonito, só deu pena a 1ª foto não ampliar. :)
    Bjs

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  17. Ivani, que bom que me achou! Sua visita é sempre bem-vinda!
    Sou do tipo muito nostálgico e adorei o teu texto!
    Bom domingo,

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  18. Ivani, li agorinha o teu comentário... Que coisa! Eu vejo uma imagem e saio escrevendo, sem pensar...A coisa flui e te tocou... Imagino a saudade e espero que as lágrimas sejam agora de uma doce e tranquila saudade... Beijos,tudo de bom, lindo domingo. Estou indo num batizado, lindo,né? E na mãe( aí já é o outro lado do ciclo),mas...

    beijos,lindo dia,chica

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  19. Iavni querida
    Que lindo texto. Sempre me emociono com vc.
    Eu amo flores e as primaveras são especiais.
    Tivemos uma chácara com este nome e o nome d aminha mãe amada, que não está mais aqui pertinho fisicamente é Vera.
    Grande beijo no seu coração

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  20. Lindas memorias. Gostaria de saber escrever como vc.

    Vim dar uma espiadinha como sempre. Pena q nem sempre consigo deixar comentários... Mas estou tentando!

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  21. Meu Deus!!!Que coisa mais linda,menina!!!
    Estou aqui a imaginar as flores,as conversas na calçada,as crianças brincando e os cheiros de bolo,de doce de leite no tacho,da calda do pudim(como disse a Chica)e a vida escorrendo mansa,delicada e doce...e a comadre chegando com uma nova receita de bolo,os homens lá dentro jogando truco e fazendo algazarra,folhas voando pela rua e a noite chegando,mansamente,amorosamente.
    Vida linda de pessoas simples,poesia em forma de gente,doçura e melodia se misturando e trazendo alegrias sem medo.
    Linda a sua rua,amiga,como também foi linda a minha rua de tempos outros,que não voltam mais,mas estão para sempre em nossas memórias.
    Bjsssss e uma tarde de primaveras lilases para você,
    Leninha

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