quarta-feira, 22 de setembro de 2010

uma pequena parte



Lembranças existem para serem contadas. E tenho tantas!  olha só minha primeira escola!
Esse prédio imponente, com entrada em arcadas, abriga a Escola Estadual Marechal Bittencourt, onde estudei do primeiro ao terceiro ano.  Nota-se que é um belo edificio, como já não se fazem mais tratando-se de escola estadual.  Logo abaixo vou colocar uma foto mais recente e poderemos comparar. A falta de cuidado, o desleixo com o patrimonio público, o aumento constante da população, tudo leva à depredação, ao abandono.  Da ultima vez que vi minha escola fiquei emocionada, lembrei-me do pátio interno, calçado com pedras grandes, de onde viam-se as salas de aula, todas com portas voltadas para um terraço.
Nesse pátio cantávamos o Hino Nacional, todos os dias antes de entrarmos para a classe. Minha professora, a primeira, chamava-se "Alceste". Nome dificil de esquecer, não?
Jovem e bonita, morena, teve a péssima idéia de tentar me fazer escrever com a mão direita logo nas primeiras aulas. Minha mãe não gostou, foi até ela para conversar e dizer que ser canhoto não era um defeito, que eu havia nascido assim, usava a mão esquerda para tudo, não entendia porque mudar.
Pronto, bastou mamãe exigir e nunca mais ela me criticou, tornaram-se amigas, e quando mamãe deu à luz aos dois meninos gêmeos ela foi uma das primeiras a visita-la, causando grande orgulho para a familia toda.
Naqueles tempos, a profissão de professora era muito importante, uma pessoa respeitadíssima, e uma honra enorme recebe-las como visita. Hoje também merecem respeito, mas não o tem.



Essa segunda foto é mais recente, o prédio continua imponente, mas já muito sofrido e triste, com as janelas e o muro quebrados, o jardim nitidamente mal cuidado.
Eu morava em uma rua muto próxima,  perto também da fábrica onde papai trabalhava e minha vida até então era comum, de uma menina alegre, com um irmão companheiro nas artes e brincadeiras, sobre as quais ainda vou escrever muito..
Nem imaginava que depois do nascimento dos gêmeos muita coisa aconteceria e mudaria minha vida para sempre. O quarto ano do curso primário já não cursei nessa escola e sim no bairro para onde nos mudamos após papai construir nossa casa. São tantas coisas para serem contadas que torna-se dificil escolher um período. Prefiro mistura-los, ir contando conforme me lembro. Essa mudança para o bairro transformou drásticamente nossas vidas também. Logo mamãe morreu, e teve inicio um dos períodos mais angustiantes para nós. Éramos tão crianças, tão indefesos, e mamãe nos amava muito, era uma mulher intensa, alegre, participante, e nos deixou completamente perdidos, desamparados e infelizes. Meu pai sofria muito, trabalhava muito, e nos atendia na medida do possivel e do seu tempo.
Tempos dificeis, a infância interrompida para poder cuidar dos meninos mais novos. Cuidava à minha maneira de menina, cometendo grandes erros e poucos acertos, mas,  mesmo sem perceber, mantendo a familia unida com laços de amor que são fortes até hoje, disso posso falar com certeza e muito orgulho.
Papai foi um homem presente, um grande pai. Se cometeu erros foi querendo acertar, e foi nosso amigo até seu ultimo suspiro, após muitos anos de vida.
Tenho tanto pra contar! Vou contando aos poucos, para não ser cansativa.
Quero falar ainda de meus filhos,  frutos de um grande amor, resultados de uma linda união, mas vou escrever sobre eles um outro dia.
Hoje estamos falando de irmãos, um assunto que vai me render ainda muitas postagens.


Meus irmãos são o resultado de uma vida de companheirismo e camaradagem. De sofrimento e de alegrias também. De necessidades básicas de conforto, mas de abundância de amor e carinho. E é a esse sentimento forte que nós brindamos sempre que nos encontramos, porque não há nada que nos deixe mais felizes do que estarmos juntos. Eu brindo a esse amor!

10 comentários:

  1. Eu mostrei a foto para o Otávio, e ele lembro do trabalho da escola que fez sobre vc, lembra? Ele fez uma estrevista, e pediu pra vc descrever como era a sua escola, as suas brincadeiras...e focar os olhos na foto, da pra imaginar... O Otávio falou: a Vovó passava por ali todo dia pra ir na escola? Nossa...kkkkk Essa foi as palavras dele! Linda as fotos, principalmente a ultima...
    Bjs

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  2. Oi Tata.

    Quantas vezes vou ter que escrever...adorei...adorei...adorei.

    O meu primeiro ano escolar também foi no Bittencout, só que eu não terminei pois mudamos para a nossa casa no Km 18, dai fui matriculado em uma escola perto da tua...a mamãe morreu... e eu novamente repeti de ano...fiquei mai um ano vagabundiando (no bom sentido) tinha muitas tarefas e uma delas era levar o almoço para o Papai (lembra) ....Você me fez voltar naquele tempo e o que aconteceu!!!! olha eu aqui novamente chorando e com um nó na garganta que esta me deixando sufocado...não faz mal, ou prefiro ficar assim e continuar lendo suas lindas mensagens e relembrando nossas vidas passadas. TE AMO.

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  3. Linda história mãe.Eu já conhecia algumas partes,mas completa assim não.
    beijos

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  4. Que linnnnndo Ivani....Voce foi e é uma guerreira...apesar de lindo, não gosto muito de ler essas passagens trstes sua...fico triste tambem...
    Mudando de assunto...
    O Bottencourt atualmente esta melhor do que a foto que voce postou, é uma escola referencia de Osasco.

    Beijos

    Eliana

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  5. fico contente em saber que está melhor, fazem tantos anos que vi pela ultima vez. As passagens tristes fazem parte Eliana. São necessarias as tristes para valorizarmos as boas. Em certos momentos precisamos exorciza-las, para depois falarmos de acontecimentos felizes. Você viu a surpresa do Tatá ao ver a foto da escola? que graça, é coisa de criança mesmo. Deve ser muito
    interessante pra ele ver a escola onde a vovó estudou. É jurássico! kkkkkkkkkk
    E o Edison curte também, é muito bom isso né?
    beijos

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  6. Eu sei que são necessárias as passagens tristes, eu acho lindo como voce escreve,voce consegue transforma-las em pura poesia... mas fico triste...voce sabe que te amo!!!! então não gosto e pronto!!!!! mas vou continuar lendo todos seus textos e elogiando todos!!! são lindos mesmo... o mais lindo foi o meu... vim pra te alegrar né????

    Beijos, te amo...

    Eliana

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  7. quanta pretensão, misericordia!
    eu não digo que ela "se acha"?
    como escrever alguma coisa triste sobre você, se basta um olhar entre nós para cairmos na risada?
    Mas tem muita coisa divertida para contar, tenha paciência!
    também te amo, beijo.

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  8. Acho incrível como você se lembra de detalhes da sua infância! Isso é um privilégio!!
    Eu sou meio "lesadinha"...vc sabe...
    Achei a história linda...
    Continue escrevendo...escrevendo...que nós adoramos!
    Beijinhos

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  9. Concordo demais com Juliana..."continue escrevendo...escrevendo...que adoramos!"
    Ivani, não canso de dizer que seus textos me agradam muito!!!

    Beijocas mil!!! Bela.

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