terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Natal na roça



Esse mês de dezembro é mesmo complicado. São tantos compromissos, e  presentinhos das crianças sempre comprados em cima da hora, e festinhas de natal antecipadas, que quando me dou conta já se passaram vários dias desde a última conversa aqui em meu querido blog. E nesse mês de dezembro tão quente e cansativo me comprometi a lembrar de natais que marcaram minha vida.
Sei que já falei sobre meu querido sitio em Ibiuna,  onde vivi um período doce, cheio de alegrias. Todos os natais, enquanto o sitio foi nosso, foram festejados lá. Uma semana antes e já estávamos com tudo arrumado, empacotado, cardápio decidido,  prontos para as festas de fim de ano na roça! Coincidiam as férias do Luiz  com as festas, e ficávamos por lá até meados de janeiro, totalizando um mês. São os  anos que mais me trazem saudade.
Meus filhos esperavam impacientes pelo  papai-noel,  faziam cartinhas, deixavam bilhetes por todo canto, temerosos de que Noel não se lembrasse dos pedidos. Quando chegava a noite meu marido e eu fazíamos uma parafernália de barulhos e luzes anunciando a chegada do velhinho, enquanto os pequenos ficavam com a vovó, rezando no quarto, e ligadíssimos nos sons lá de fora.
Até que finalmente os presentes já se amontoavam embaixo da árvore e a barulheira infernal do papai-noel indo embora apressado (pois tinha muito serviço naquela noite!) tocando seu sininho ia ficando mais longe, até sumir na porteira. Os pequenos então eram liberados das orações e corriam para a sala, com os rostinhos corados e as mãos estendidas sem saber o que pegar primeiro.
Por mais  que eu viva nunca vou esquecer aquelas noites, nem os olhos de meus filhos procurando algum sinal do velhinho que foi embora tão depressa - por que não ficou mais? - e rasgando os papéis, e abrindo caixas e gritando de surpresa!
Depois que os ânimos se acalmavam  íamos comer nosso jantar, preparado durante o dia  - em meu fogão a lenha - com a ajuda de minha sogra que, invariavelmente,  fazia "crústolis" para as crianças e bacalhau para o maridão português.
Eu procurava agradar as crianças fazendo arroz com uva passa, rabanadas, sempre um bolo enfeitado e - é claro - um tender com frutas para o maridão, que gostava muito.
Posso dizer que era maravilhoso...naquele sitio solitário,  minhas crianças,  meu marido, e meus sogros, não tínhamos medo de nada, não desejávamos mais nada.
Hoje eu sei que a felicidade está nas coisas simples, na alegria de ver os filhos sorrindo, no aconchego do abraço da pessoa amada e companheira, na certeza de que o mundo lá fora é bom com você, na mesma  proporção que você não exige muito dele.
Gostávamos - eu e meu marido - de sair para o quintal, completamente às escuras, e olhar as estrelas de nosso céu. Era tão salpicado de brilho que até parecia uma chuva de luz. Naquela época não sabia o que era saudade, apenas sabia que estava fazendo o que acreditava certo, o que meu coração determinava.
Ficávamos sentados em nossa varanda, luzes apagadas, ouvindo o som que vinha da sala, as crianças rindo, falando com os avós e tínhamos um ao outro, já era o bastante.
Fecho os olhos e sinto o cheiro de nossa ceia, o sabor de uma rabanada, o calor do abraço de meu marido, a alegria totalmente inocente das crianças.
Geralmente no dia seguinte chegavam alguns familiares para o almôço, trazendo coisas gostosas para juntarem com as nossas e passavamos um dia inteiro falando e comendo e rindo muito...
Sobre o papai-noel o que vou dizer é que numa dessas noites de natal, enquanto o Luiz se matava para fazer luzes piscarem, barulhos de trenó, risadas gordas de bom velhinho,  eu e meu sogro - como sempre -  corríamos até o carro dele para tirar os pacotes que ficavam lá guardados. Então... dois xeretas curiosos espiaram pela janela e descobriram - o que já desconfiavam - que era tudo encenação.
Sem traumas nem muitas complicações combinamos com os dois satisfeitos "sabidões" que a brincadeira ia continuar até a caçula também perceber, e que eles iam fingir que acreditavam pra não estragar a magia.
Tudo isso durou ainda muitos anos e chego a pensar que nunca acabou completamente.
Sou uma pessoa feliz,  a vida me presenteou com mais crianças maravilhosas, adoráveis, as quais procuramos envolver na magia do Natal, com luzes, sons, sinos, presentes...
Cada um dos meus filhos tem sua familia, e cada um deles procura fazer suas crianças felizes nessa noite linda. Eu acredito que lá no fundinho de seus corações eles se lembram do amor e da infinita alegria de seus natais de criança. Que essa pequena chama de lembrança nunca se apague...
Vou brindar à alegria, às luzes, às estrelas nas noites de Natal ...que sejam eternas! tim-tim!

7 comentários:

  1. Há Ivani que lindo isso...Chega a dar uma nó na garganta...Entendo a cada dia com suas histórias o que se passa na cabeça do Juninho... São momentos unicos de vocês juntos... Ele da um grande valor nos momentos que passa com as crianças e comigo, e faz um impossível esforço pra poder agrada-los sempre, e principalmente na noite de Natal, você sabe né? É estranho demais se ver no lugar de Pai, tendo uma outra imagem da entrega dos presentes, agora ele só observa, enquanto as crianças gritam e rasgam seus papeis de presente. E logo após eles receberem os presentes, eles correm pro colo do Papai Noel e contam tudo, eu fico naquele escurinho como se nem estivesse ali,eles falam, mostram a casa, o Papai Noel da conselhos, algumas bronquinha de leve, muitos e muitos abraços, e pronto...O Papai Noel vai embora, as luzes são acesas,e começa a festa...E tudo isso é graças ao espírito de amor que vocês (Você e o Sr. Luiz) plantaram no coração dele...Agradeço muito ao amor que vocês deram a ele, pois isso hoje ele passa a todos que estão a sua volta, e contagia os nossos filhos, e essa corrente vai continuar sempre...


    Um beijo...
    Ana Paula

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  2. Realmente era lindo,até mesmo quando descobri que o Papai Noel era meu pai......e agora não tenho mais os dois!
    Se soubesse ou tivesse noção de quanto era feliz eu pediria um pózinho de pirlimpimpim para continuar sendo criança.
    Amei essa postagem!
    beijos

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  3. Ai, que post lindo mãe!!! Amei!
    Você se superou hoje! Acho que é porque faço parte dessa história...
    Pode ter certeza de uma coisa: ESSA MAGIA NUNCA SE APAGOU...
    Foram momentos únicos e tão repletos de amor, que ecoam até hoje...me inspiram a fazer a mesma coisa com os meus filhos...(espero estar à altura...)
    Uma vez li em algum livro que o ser humano nunca deixa a idade para trás...o adulto sempre traz dentro dele aquela criança afobada, traz a alegria da infância...e no natal essa criança aflora e o papai noel volta a existir...
    Hoje não temos mais o papai...mas temos você! E você faz parte da nossa história ... principalmente da nossa história de natal!
    Te amamos!
    Beijos

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  4. Linda postagem, daria tudo para viver essa fantasia, pena que eu não fiz meus filhos passarem por isso, quem sabe farei pelos meus netos e sobrinhos netos!!!!!nunca é tarde. Beijo

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  5. Que lindo....e que saudades do tempo em que a Nat e o Leo eram crianças... eles acreditaram em Papai Noel até os onze anos!!!!! voce acredita? essa brincadeira deu um trabalho....devo dizer que fui muito criativa....como sempre...rsrsrsrsrs o mais engraçado de tudo é que quem se emocionava era EU ficava desidratada de tanto chorar...que lindo!!!! vou confessar: eu tambem acredito em papai Noel...

    beijos

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  6. Ivani, adorei e meus olhos e coração não resistem diante de palavras carregadas de emoção: choro! Mas é um choro bom. Desejar mais o que se vc estava no rodeada das pessoas que tanto ama??? Vc é muito especial e agradeço por tê-la conhecido, mesmo que só através desta máquina cheia de teclas...um dia ainda lhe dou um abração!!!
    Beijos mil e até breve!! Bela

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  7. Olá Ivani
    Vim te conhecer pq vi seus comentários nos blogs das nossas amigas Bela e Lara.
    Muito gostoso seu cantinho.
    Vou te acompanhar tbe, ta?
    Aproveito para desejar a vc e sau família um feliz natal e um super 2011!!
    Grande beijo

    http://blogdaclauo.blogspot.com/

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