terça-feira, 5 de outubro de 2010
Os gêmeos
Também acredito que não se pode viver de lembranças, porém, na minha idade fica dificil não te-las.
Vivo dizendo que não sou saudosista, mas adoro contar coisas sobre minha familia, meus irmãos, meus filhos.
Hoje quero escrever sobre um acontecimento interessante quando eu tinha apenas sete anos. Éramos eu e meu irmão, que na época tinha quatro anos. Meu pai sofreu um acidente de trabalho, machucou-se entre os vãos de uma ponte rolante e depois caiu de uma grande altura. Teve inúmeras fraturas na altura do quadril e das pernas.
Esteve hospitalizado por dois meses e quando finalmente voltou para casa e para seu trabalho, estava completamente recuperado. Em uma de nossas visitas à familia de meu pai, minha mãe ouviu um comentario entre as mulheres, inclusive minha avó. Elas falavam mais ou menos assim:- coitado do Tide, pareçe que ele não é mais o mesmo, vocês sabem como é...tudo foi muito machucado, será que ele ainda faz alguma coisa....
Bom, para uma mulher boa de briga como minha mãe, aquilo foi o bastante. Ela não queria discutir com a familia dele, mas também precisava provar a elas que ele estava bem, muito bem...
Mamãe estava satisfeita com os dois filhos que tinha planejado, a vida era dificil, ficar grávida estava fora de seus planos, mas, pelo bem geral de todos (e principalmente dela) resolveu engravidar novamente. Sei de todos esses detalhes porque minhas tias comentavam sobre isso depois de anos, e meu pai também. Na época eu nem desconfiava que existia sexo, muito menos que meus pais faziam aquilo.
Para enorme surpresa de minha mãe, meu pai e de toda a familia, já que naquela época não havia ultrassom e os partos eram em casa, nasceram gêmeos, dois meninos lindos.
Foi uma loucura! mamãe conseguiu o que queria, e em dobro! A familia não se cansava de comentar sobre o feito: - então em Tide? ...não precisava caprichar tanto!
Eles eram umas fofuras mas minha mãe continuava com o eterno problema de não ter leite. Para dois então, nem pensar. A solução era o leite em pó, mas eles eram muito pequenos, frágeis como todos os gêmeos, pois nascem abaixo do peso. Então o anjo de minha mãe novamente apareceu, e desta vez era uma mulher portuguesa. Dona Maria, que tinha quatro filhos, o mais novo, Luizinho, com apenas alguns meses. Era vizinha de casa, de uma familia das mais abastadas da cidade.
Não se fez de rogada, ao contrário, foi de uma generosidade imensa, pois ia todos os dias até nossa humilde casa, sentava-se e colocava um bebê em cada seio até que eles se fartassem. Ela dizia para mamãe: - pelo menos uma vez ao dia é importante que eles mamem no seio e o Luizinho não vai sofrer, pois tem leite suficiente para ele.
Minha mãe foi grata a Dona Maria Portuguesa até os seus ultimos dias, porque as crianças se desenvolveram muito bem, eram saudáveis e muito espertas.
Pena que minha mãe não viveu o suficiente para ve-los crescer. Ainda não tinham tres anos quando ela partiu. Eu e meu irmão amparamos os meninos como pudemos, porque éramos quatro crianças, cuidando umas das outras. Mas hoje não vou falar de sofrimento, quero contar que depois do segundo casamento de meu pai ainda tivemos duas irmãs, o que prova que aquele homem ainda poderia surpreender muito mais...!
Passados tantos anos ainda me lembro dos passeios de carrinho, eu com um dos gêmeos e o Edison com outro, para que mamãe pudesse lavar roupas. Que loucura, colocávamos aqueles bebês nos carrinhos e saíamos pela rua, exibindo nossos irmãos. Eles eram lindos! E ainda são. E eu os amo profundamente, de uma maneira que eles entendem e retribuem.
Dona Maria Portuguesa já nos deixou, e as circunstâncias da vida nos impediu de agradecer da maneira como ela merecia. Sempre me sentirei em falta com ela. E é para ela que hoje proponho um brinde e convido Marcos e Marcio para me acompanharem. Tim-tim e obrigada sempre!
imagens garimpadas no Google
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Não me canso de ouvir e ler tuas narrativas, acho que devia pensar em um dia escrever um livro, um romance, bem a maneira de Isabel Allende, Hein? Que me diz?? Bjo!
ResponderExcluirEliana disse..
ResponderExcluirCris eu tambem acho que ela deveria escrever um livro, um conto, cronicas...quem sabe, um dia...
Ivani, voce me levava no carrinho? Essa história do pai eu acho ótima!!!
Meu texto foi o mais lindo!!!rsrsrsrs
Beijos
Eliana
Cris querida, obrigada pelas palavras e fico muito feliz que você tenha gostado.
ResponderExcluirEliana, quem levou muito você pra passear foi o Edison (eita destino!) eu não podia porque já trabalhava quando você nasceu.
Ô "ciuminho" bobo em?
beijo e beijo
Eu fico imaginando dois "tocos" de gente levando outros dois "ticos" no carrinho....devia ser muito engraçado!
ResponderExcluirQue história hein! Digna de um livro de contos mesmo...Muito bonita!
Beijos!!!
Sabe para onde ele me levava? para o cortiço! é isso mesmo, tenho fotos no cortiço com ele... voce acredita? imagina se fosse hoje...ainda bem que naquele tempo as coisas eram mais calmas, enfim deu tudo certo...acho que deu...
ResponderExcluirVoce me levava para lugares bem melhores!
Mudando de assunto, o meu texto bateu o record de comentários... foi o mais lindo mesmo!!!!
Beijos
Eliana
Mãe,sua vida dá um livro hein?
ResponderExcluirVou pensar no assunto....
bjssssssss
KKKK me divirto com a Eliana...Lindo Ivani!!! No seu livro a Eliana vai ser a comentarista..kkkkk
ResponderExcluirBjs
Não canso de falar "você é de mais", quanto ao livro eu já tinha sugerido, vamos escrever a quatro mãos. Marcio e Marcos....que coisa, eram lindos, o Marcio era teu e o Marcos era meu, como o Marcos chorava muito eu troquei com você e fique com o Marcio, por isso que ele ficou careca como eu e o Marcos cabeludo como você. Lembra!!! eles ganharam o prêmio "de robustes" na Cobrasma. Vou parar senão vou começar a chorar....Breijos
ResponderExcluirAh... entendi... pelo comentário do Tio Edison a minha careca é por culpa dele também... kkk
ResponderExcluirTia... mto bom o Texto... Parabens...
amo todos...
Vocês são ótimos. É o que sempre digo, tudo termina com uma gargalhada!
ResponderExcluirO Edison fica tão emocionado que escreve "brejo" ao invés de "beijo".
O Thiago fica arrumando um culpado pela queda de cabelo.
e a Eliana achando um motivo pra arrumar uma encrenca. Enfim, tudo normal...
Ivani, saudosismo é bom demais. Sofrivel sim, mas é bom mesmo assim! Que delicia de historia, vc é uma otima contadora de historias, deveria pensar neste assunto...a gente parece que está na sua sala des estar bom te ouvir através das letras. É lindo! bisous da nanah
ResponderExcluirO sonho de toda crianca é ter uma boneca que pareça com um bebê...E vc tinha um bebê de verdade!!! Um não, dois!!!!! Legal hein!
ResponderExcluirIvani, não foi eu que enviei esta postagem acima, dizendo que foi removida pelo autor????
ResponderExcluiré muito legal ler estas estorias sobre nosso passado, somente forlalece ainda mais o amor que sentimos uns pelos outros.
Beijo