sexta-feira, 23 de novembro de 2012
A mala cor de vinho...
Minha mala não é assim, mas achei essa tão linda!
Quando decidi viajar minha filha me emprestou uma mala. Levíssima, de tamanho muito bom, da cor do vinho.
E lá fomos nós, as duas, uma empurrando a outra, não raro, uma puxando a outra. Normalmente eu puxava, mas nas escadas rolantes quem me puxava para baixo era ela! Quando o piso permitia, eu apenas empurrava e ela deslizava linda!
Coloquei nela muitos desejos, sonhos, medos, curiosidades.
Ela estava estacionada no quarto do hotel em Milão, nossa primeira parada, e pôde assistir meu primeiro vexame.
Quando meu irmão me chamou para passear eu falei, toda animada:
-Marcio, além da jarra térmica, tão bonita e dos vários chás sobre a bandeja, tem um forninho elétrico, pra gente aquecer algo, um lanche talvez...
Meu irmão, meio desconfiado disse:
-Forninho? mas no meu quarto não tem isso. Onde está?
E eu toda exibida mostrei ao lado da pequena geladeira o meu forninho elétrico. Meu irmão soltou uma gargalhada e disse:
-Isso é um cofre, um pequeno cofre!
Nossa, juro que achei que era um forno, por causa do botãozinho que girava...talvez um termostato?
E na viagem de trem, entre Milão e Veneza, a mala cor de vinho estavá lá, no maleiro, sobre minha cabeça, enquanto eu olhava intensamente pela janela, querendo ver tudo! E novamente o mano entra em ação:
- Ivani, veja se voce consegue ler o nome dessa cidade na placa, na estação.
E eu mais que depressa estiquei meu pescoço e disse:
- Uscita, estamos em Uscita!
Mais gargalhadas e explicações:
-Uscita quer dizer SAIDA. Vai ver muitas placas assim.
Como ia saber? Durante a viagem toda, eu e minha mala tivemos que aguentar as brincadeirinhas bobas, do tipo : "pergunta pra Ivani o nome dessa cidade!"
ou então "chegamos a uscita de novo!".
Em Florença ela estava no hotel, guardadinha, quando tive um diálogo meio louco com um vendedor de lanches e refrigerantes.
O italiano, atrás do balcão de lanches, gordo e com cara de maus amigos. Sobre o balcão algumas garrafas de cerveja, mas sem gelo, apenas como propaganda.
Eu me aproximo sozinha e digo:
- por favor, uma birra gelada.
E ele:
- como? gelato? gelato alí (mostrando a sorveteria em frente)
e eu:
-Não, não gelato, uma birra (apontando a cerveja) gelada!
-Ma como? gelato de birra? o que quer a senhora?
Meu irmão que assistia a tudo meio de longe fala alto: não gelada, diga "fresca"!
- uma birra fresca!
- senhora, eu sou italiano, fale comigo em italiano! (grosso, bem grosso!) e mostre qual birra!
- não quero mais! o senhor é muito grosso, arrivederci!
E ao virar ouvi quando ele disse:
-brasileira! fala comigo em italiano! birra gelata! kkkkkkkkkk
Esse vexame minha linda mala não viu...ainda bem! Mas também deixou de ver quando nas margens do Rio Arno eu parei em uma banca para comprar um lenço e o dono, um homem velho, magro, com um sorriso aberto disse:
- bonito em?
- sim, muito bonito, eu respondi.
- eu disse que EU sou bonito, o lenço é belo! ele respondeu
- sim, o senhor é bonito também! e sorri...
- brasileira? eu adoro o Brasil, gosto das músicas!
E começou a cantar o tico-tico no fubá, dançando e dando voltas!
Não tive dúvidas, dancei e cantei também, atraindo a atenção de outro vendedor que juntou-se a nós.
Rimos muito, foi divertido e inesquecível.
Em outra postagem conto mais sobre as pessoas com quem cruzei em Roma.
E minha mala sempre subindo e descendo escadas, elevadores, taxis e metrôs. Voltou repleta de saudades, lembranças, imagens magnificas, suspiros!
Hoje, atendendo a um pedido meu, o Marcello meu genro veio até aqui para pegar a mala cor de vinho e leva-la para sua garage, pois aqui no apartamento não tenho um lugar para ela.
Podem acreditar, ao chegar na sala empurrando minha amiga de viagem e comentando com ele o quanto andamos pela Itália comecei a chorar...
E ele rindo:
- Ivani, quando sentir muita saudade dela, vá até a garage fazer uma visita! Ou prefere que ela fique aqui?
e eu:
- não, pode levar, apenas fiquei emocionada porque me pareceu que agora estou de volta mesmo!
mas não tire os adesivos, assim ela também terá como se lembrar de mim...
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Ivana, querida, só você mesmo para contar , com tanta doçura, suas divertidas aventuras.
ResponderExcluirBeijo
O amiga!Ri e chorei!Vc é demais com as palavras!A mala...ah, se ela falasse!Se vc já passou por estas situações imagina eu qe não entendo nada de italiano...morreria de tanto mico!!!!kkk!!!bjs!!
ResponderExcluirAdorei a mala! *-*
ResponderExcluirhahaha Se mala falasse... hahahahahaha AI AI...
Beijo,
www.estanteseletiva.com
Ivani, se você fosse usar o cofre como forninho, em vez de esquentar você entraria numa fria, não é?
ResponderExcluirAdorei sua aventura e ainda acho que é melhor ser espontânea e não ficar com dúvidas, do que não pagar mico e ficar na santa ignorância do desconhecimento.
O pessoal ri, mas você acabou por conhecer muita coisa que não conhecia. Adoro o seu jeito espontâneo.
Beijo no coração
Manoel
Rssssss...Nem preciso dizer que adorei!
ResponderExcluirA da USCITA foi muito legal! Só tu mesmo!!
E cuidado pra não colocar grana no teu microondas aí na tua casa,rssr Estás trocando as bolas,rs..
Fiquei te imaginando dançando por lá ao som do tico-tico no fubá: Ele devia ser beeeeeeeeeeeeeeeem novinho pra lembrar essa música,né?sr
Adorei te ler e imagino as saudades que deves estar sentindo, até da mala, pois ela foi o símbolo da viagem. Adorei! beijos,lindo fds! chica
E
Eu acho que sei porque vc chora: a gente não sabe se vai dar para repetir...E mesmo que dê, não será a mesma coisa.
ResponderExcluirQuando você e a mala, a mala e você, um barato. A minha e de toda a família chegou tão escangalhada que tive que jogar as 4 fora. É tudo uma aventura né? Mas divertida. O importante é isso: paga-se mico, mas rí-se muito.
Adorei seus micos....kkkk
Se estivesses perto , levavas um frasquinho para as torradas!
ResponderExcluirBeijo
Que delícia te ler!!!
ResponderExcluirImaginei-me contigo nessa doce aventura.
Você é formidável! Abraços.
Que meigo Ivani! Amei você e a mala cor de vinho! Grande abraço e fim de semana! Beijos!
ResponderExcluirBirra gelata? Esse italiano bem poderia ter lhe servido uma xícara de camomila fumegante... Ah! Se ele soubesse...
ResponderExcluirAdorei as histórias. Saudades da mala na garagem rende um livro!
Beijo
Olá, querida!
ResponderExcluirPois é, voltei, ainda meio devagar mas estou na área, rsrs.
Que texto mais delicioso, já dei umas boas gargalhadas por conta das suas "travessuras" italianas, rsrs. No fim de tudo, fica a certeza, você saiu da Itália, mas a Itália jamais sairá de você!
Olha, muito obrigada por sua amizade e carinho!
Um beijo, boa noite e bom domingo!
IVANI, QUE BELO TEXTO SOBRE VC E SUA MALA!!! DARIA UM LIVRO!!! JÁ DISSE PRA VC ESCREVER UM!!!
ResponderExcluirDEI BOAS RISADAS COM SEUS "FORAS"!!! EU TBÉM JÁ DEI MUITOS, MESMO NO BRASIL!!! CONTA MAIS SOBRE O HOMEM DO TICO-TICO-NO-FUBÁ!!! Parece boa gente!!!!
Amada, uma linnnda semana cheia de luz pra vc!!!!!!!!!
Ivani você não sabe quantos micos paguei logo quando cheguei aqui.
ResponderExcluirum delas foi dizer que uma amiga da minha sogra era engraçada,
essa palavra pronunciada è igual a palavra "ingrassata"
que em italiano quer engordada,ou seja gorda em italiano rsrs
em pratica disse que a mulher era gorda, sem querer rsrs
baci
Muito engraçados teus "fatos pitorescos" que acontecem com todos os viajantes, mas eles omitem...
ResponderExcluirO que mais gostei foi o do "forno" pois passei por situação semelhante.
Beijinhos, ótima semana.
Beth
Minha querida Ivani,
ResponderExcluirQue crônica deliciosa, amiga! Vou te devolver a pergunta: Quando é que sai o livro? cada vez que te leio fico com vontade de ler mais, a sensação é que estamos conversando em sua cozinha e quase posso escutar sua voz...
Eita mala viajadora! Aposto que até ela está com saudades...lá na garagem da casa de sua filha ela deve estar louca prá pegar um avião ou mesmo um trenzinho caipira destes nossos (que também tem a sua poesia)...
Bjssssss,
Leninha
A melhor (ou pior, já que é bem irritante essa gente mal-humorada) é o atendimento grosso do garçom. Até parece que eles não precisam dos turistas...
ResponderExcluirÓtimo post, Ivani!
BJô
Quanta alegria vc sentiu nessa viagem, Ivani. Cri coragem e volte para rever as coisas que não quer esquecer. Com a mala cor de vinho.
ResponderExcluirViajo com mala roxa e outra cor de vinho.
Sempre cheios de "alma" os teus textos mesmo que contenham micos como tu dizes.
ResponderExcluirBeijinhos és uma escritora e tanto!... quero dizer, que escreves muito bem.
Oi, Ivani, a primeira história é a minha cara, hahaha. A segunda é um comentário típico de irmão (pelo menos você não correu o risco de não sair em caso de emergência, hahaha). Ah, que delícia cantar e dançar Tico-tico no fubá com os locais, nossa, esse é o tipo de coisa que adoro quando acontece, gestos espontâneos que se tornam inesquecíveis! Demais seu post, Ivani! Rir é uma das melhores maneiras de guardar boas recordações! Um abraço!
ResponderExcluirInani, aqui estão uns polares 4graus.
ResponderExcluirBeijinhos
Ivani, nunca és cansativa...Adorei os comentários nos blogues e falas como se estivéssemos juntas ,conversando.Isso é muito legal. Obrigadão! Trocamos figurinhas e adorei a história do dentista! beijos,lindo dia!chica
ResponderExcluirIvani, eu voltar aqui pra me deliciar com tuas escritas, viu?
ResponderExcluirbeijinho
zizi
Ivani, eu acho que você é como eu, sinto saudades da saudade.
ResponderExcluirSemana semana passamos três dias no Chile,e foi o suficiente para estar aqui com saudades e me lembrando de algum mico também. Só não tinha a mala cor de vinho. Manda um beijo para ela por mim. (micro-ondas que é um cofre, hahahaha)
beijos
Zizi