Vou contar em rápidas palavras como meus irmãos gêmeos, Marcio e Marcos, chegaram por aqui há 56 anos.
Meu pai, funcionário de uma grande metalúrgica, sofreu um terrível acidente de trabalho. Suas pernas tiveram múltiplas fraturas, desde a virilha até os joelhos. Foram meses de recuperação, varias cirurgias, muito repouso.
Éramos eu e meu irmão Edison, e mamãe sempre dizia que não teria mais filhos.
No entanto...algumas pessoas da família de meu pai, entre elas minha avó, mãe dele, diziam entre brincadeiras, que papai já não era mais o mesmo, que o acidente tinha "moído" tudo, e por aí afora.
Dona Alzira, minha mãe, como boa italiana com vinho nas veias, ficava furiosa. E chegou à conclusão que a única maneira de provar que papai ainda era o mesmo homem, seria engravidar.
Não teve dúvidas...ficou grávida!
Meses depois, no dia 9 de agôsto, nascem os gêmeos, dois belos garotos, fortes e perfeitos.
Até mamãe levou um susto, pois na época não havia ultrassom, e ela nem sonhava trazer dois na barriga.
A família toda surprêsa ... e os comentários mais comuns eram:
- Tide, você nem precisava provar tanto!
- Olha só, ficou melhor depois do acidente...
E por aí afora.
Minha mãe sentiu-se muito bem, com a alma lavada e dois meninos fofíssimos para criar.
É claro que colocou nos dois o nome de seu Santo Antonio querido, orgulhosa e grata.
O que veio depois não foi bom, mas é nossa historia, não dá para esquecer. Mamãe faleceu dois anos e alguns meses depois, deixando para o mundo seus quatro filhos queridos, planejados e bem vindos.
Mas hoje é dia de festa, não de lembranças tristes, olha uma foto deles no dia do batismo, aos sete meses.
Sempre foram saudáveis e muito diferentes um do outro. O Marcos, da esquerda, era meu. O Marcio era do Edison. Dividíamos com minha mãe a responsabilidade de cuidar deles, passear de carrinho, dar a papinha, era uma delicia ...
Essa outra foto foi um pedido de minha mãe, no hospital, para que não sentisse tanta saudade. Vejam que lindos, aos dois anos, de mãos dadas:
Crescemos assim, costumo dizer, como se fôssemos pés de couve no quintal. Sem muitos cuidados, sem mimos, ao sol, ao vento, mas sobrevivemos. Meu pai continuou provando que o acidente não o afetou de maneira alguma. Foram mais duas irmãs com sua segunda esposa, Eliana e Adriana.
Amo esses meninos como se fossem meus. E esse dia do aniversário deles é muito importante para mim.
São dignos, bem educados, amorosos e amigos. Sabem que em mim sempre terão um esteio, um porto seguro, basta estenderem as mãos.
Desejo a eles uma longa estrada, com sol, paz, muita saúde.
Esses são os meus meninos hoje. Mudaram um pouquinho, mas continuam fofos...
Um brinde a eles, com muito carinho e afeto. Vamos celebrar à vida que permitiu estarmos sempre juntos, sempre amigos e irmãos. Tim-tim, saúde!